Nunca vos aconteceu, ao observarem determinadas pessoas, perceberem que elas emitem uma certa luz e que esta está impregnada por uma côr ou por um tom específico e predominante?
Não? Então explico melhor esta ideia. Vivo, tal como quase toda a gente, rodeada por várias pessoas que no meu quotidiano desempenham diferentes papeis, e que de alguma forma contribuem, em maior ou em menor grau, para o meu equilíbrio e bem estar. Porém, algumas há que têm o condão especial de nos marcar, de nos influenciar, e até de nos mudar, de uma forma que muitas vezes só é percebida à posteriori.
Quando penso nelas, percebo que não importa tanto assim a duração do relacionamento estabelecido, mas sobretudo a intensidade do mesmo. Essas pessoas que deixam ou deixaram uma marca indelével na minha vida, são lidas através dessa côr predominante por mim percebida.
Óbviamente esta minha avaliação é uma leitura subjectiva do outro, e a intenção não é qualificá-las como melhores ou piores umas em relacção às outras. A descodificação do outro pela côr só me ajuda, no fundo, a perceber-me melhor.
A magia do pássaro beija-flôr
Há pessoas raras, pessoas que emitem uma luz dourada, quase mágica. Envolve-as uma ligeira poalha que se espalha por quem com elas contacta, atraindo-as, enfeitiçando-as, marcando-as, num minuto apenas ou para sempre.
Tenho a rara sorte - estou convicta - de conhecer dois desses belíssimos seres, tão diversos entre si, e porém, tão semelhantes. Com um deles convivi intensamente numa relação de amor eterno, muito desacordo, alguma revolta e muita partilha. Com o segundo convivo menos frequentemente, numa relação mais solta e galhofeira mas desde o início lhe pressenti essa força interior, única e exclusiva e reconheci-lhe as propriedades da magia de um beija-flôr.
Estranhamente ou talvez não (?) são ambos seres do sexo feminino mas mais do que isso, são intrinseca e verdadeiramente mulheres: sensíveis e inteligentes, ora festivas e travessas como crianças sem tino; ora ponderadas e responsaveis, como adultas convictas das suas escolhas; ora frágeis, angustiadas e depressivas, como adolescentes à procura do seu caminho; ora firmes e poderosas, porque Mães, que se afirmam como rochas inamovíveis perante filhos em crescimento turbulento; ora envolventes e sensuais, emanando o perfume quente da sua sexualidade subliminar, amantes fieis daqueles que elegeram como príncipes únicos e (con)sortes, por partilharem das suas vidas.
São contraditórias só na aparência porque consistentemente coerentes nos actos que praticam, e se por vezes são algo excessivas na defesa das suas convicções, não perdem nem o Norte nem a face, e acalmam os calores da refrega com uma piada ou uma gargalhada. Têm um forte sentido de proteção da família e dos amigos mas têm horror ao protecionismo chatinho, ao abracinho queriduxo e ternurentuzinho e odeiam meninos abafadinhos e cheios de birrinhas. Saiam de perto se virem uma sobrancelha arqueada e um sorrisinho mordaz ao cantinho da boca!
Surpreende-me sempre o seu sentido de justiça e o tentarem manter-se como fieis de balança, apaziguadoras, pacificadoras de ambientes turbulentos, tantas vezes calando fundo as suas dores em prol da paz comum. Desengane-se porém quem as tome por pacifistas ou dóceis, porque não o são. Não há falinhas mansas nem cantigas do "bandido" que as embalem facilmente, porque a esse, já o toparam há muito, com a ajuda de um verdadeiro radar ultrasensível: um sexto sentido premonitório, a raiar o dramático, quase perigoso...
São companheiras divertidas, senhoras de um sentido de humor fino e apurado com quem é um prazer conviver. Adoram festas e sobretudo máscaras de carnaval, onde exercitam toda a sua criatividade e se travestem de personagens mirabolantes, recriando tiques alheios, capazes de darem fôlego a caricaturas muito diversas e o mais opostas de si próprias. No quotidiano, porém, são algo reservadas e odeiam dar nas vistas! Vá-se lá perceber estas alminhas!!!
São contraditórias só na aparência porque consistentemente coerentes nos actos que praticam, e se por vezes são algo excessivas na defesa das suas convicções, não perdem nem o Norte nem a face, e acalmam os calores da refrega com uma piada ou uma gargalhada. Têm um forte sentido de proteção da família e dos amigos mas têm horror ao protecionismo chatinho, ao abracinho queriduxo e ternurentuzinho e odeiam meninos abafadinhos e cheios de birrinhas. Saiam de perto se virem uma sobrancelha arqueada e um sorrisinho mordaz ao cantinho da boca!
Surpreende-me sempre o seu sentido de justiça e o tentarem manter-se como fieis de balança, apaziguadoras, pacificadoras de ambientes turbulentos, tantas vezes calando fundo as suas dores em prol da paz comum. Desengane-se porém quem as tome por pacifistas ou dóceis, porque não o são. Não há falinhas mansas nem cantigas do "bandido" que as embalem facilmente, porque a esse, já o toparam há muito, com a ajuda de um verdadeiro radar ultrasensível: um sexto sentido premonitório, a raiar o dramático, quase perigoso...
São companheiras divertidas, senhoras de um sentido de humor fino e apurado com quem é um prazer conviver. Adoram festas e sobretudo máscaras de carnaval, onde exercitam toda a sua criatividade e se travestem de personagens mirabolantes, recriando tiques alheios, capazes de darem fôlego a caricaturas muito diversas e o mais opostas de si próprias. No quotidiano, porém, são algo reservadas e odeiam dar nas vistas! Vá-se lá perceber estas alminhas!!!
Estes seres são, obviamente, imperfeitos, e conscientes disso, não aspiram a uma grama de santidade, pelo contrário, as criaturas não se levam muito a sério, porque a vida é tão curta! Têm um sentido de humor apurado, irreverente, desarmante, quase enervante, e no entanto, são seriíssímas quando assumem compromissos de alma e coração, e sem os apregoarem, levam-nos a cabo sem contemplações!
Praticam o bem e exercem a sua generosidade de forma natural e sem alarde, junto de todos aqueles que elegem como protegidos - e são vários - sem esperarem por reconhecimento ou recompensa, apenas porque a sua consciência de seres humanos e de cristãs assim o dita.
Não são vulgares estas duas "pestinhas", longe disso, antes absolutamente especiais, admiraveis, indispensaveis na minha vida.
Não são vulgares estas duas "pestinhas", longe disso, antes absolutamente especiais, admiraveis, indispensaveis na minha vida.
A primeira delas deixou-me, como herança, a sua marca na alma e nos genes. Para sempre! Mais de quarenta anos passados e com tanto mundo revirado, o que guardo é o seu riso fresco e solto, gargalhadas contagiantes que ecoam vivas na memória da infância, tempo mágico e frágil que preservo íntegro, incólume, das agruras do tempo gasto.
A segunda dá-me o privilégio da AMIZADE e da CONFIANÇA!
A ambas, deixo-lhes aqui o meu obrigada e um pedido:
enfernizem-me a vida MAS POUCO!
There is magic in the air!
ResponderEliminarHá pessoas raras, pessoas que emitem uma luz dourada, quase mágica. Envolve-as uma ligeira poalha que se espalha por quem com elas contacta, atraindo-as, enfeitiçando-as, marcando-as, num minuto apenas ou para sempre.